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O segmento de Soluções Baseadas na Natureza (NBS), refletido no índice “Platts Nature Based Avoidance”, registrou um novo declínio de 0,25 centavos comparado ao mês anterior. Um dos fatores que pode ter influenciado este segmento foi o mais recente estudo da Hayas et. al sobre integridade das metodologias de projetos REDD+ de acordo com Verified Carbon Standard (VCS). O estudo analisa a eficácia e a confiabilidade dessas metodologias, principalmente no que tange à inconsistência na quantificação, mitigação dos leakages (áreas de vazamento), linha de base e permanência dos projetos.

Apesar disso, parte do mercado ainda enxerga a importância de projetos REDD+. De acordo com dados da plataforma VCS, durante os nove meses do ano de 2023, 10.703.957 VCUs (Unidade de Carbono Verificada que representa a redução ou remoção de 1 tCO2e) foram aposentados no mundo, sendo 43% correspondentes aos projetos com metodologias REDD. No Brasil, durante o mês de setembro, 201.881 VCUs foram aposentados, sendo 99% vinculados a projetos REDD.

Enxergamos que todo esse movimento de escrutínio ao mercado voluntário de créditos de carbono, especialmente às metodologias REDD, gera valor e confiança no médio e longo prazo, reduzindo a oferta de créditos gerados artificialmente. A tendência é que projetos de qualidade, integridade e alto impacto social se diferenciem cada vez mais, mostrando maior resiliência nos preços de comercialização.

Outra vertente que vem ganhando importância nos últimos anos é a dos créditos de biodiversidade. Em setembro, a Verra lançou para consulta pública a metodologia “SD Vista Nature Framework”. Esse padrão tem como propósito certificar e incentivar o investimento em resultados de biodiversidade positivos que beneficiam a natureza e as pessoas, principalmente comunidades locais, a partir do chamado Crédito de Natureza. Uma consequência benéfica para a biodiversidade implica um aumento na quantidade e/ou na qualidade da diversidade biológica.

Os projetos que pretendem emitir Créditos de Natureza devem cumprir as regras e os requisitos do SD Vista (programa da Verra que certifica projetos que geram benefícios verificáveis e promovem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS), bem como os critérios do SD Vista Nature Framework. Esse avanço é especialmente significativo, podendo representar uma fonte alternativa de renda para quem desenvolve projetos de conservação e restauração da natureza.

Já no Brasil, o cenário é de expectativas positivas com relação à implementação do arcabouço regulatório do mercado de emissões. É possível que, nos próximos meses, haja avanços importantes nessa agenda à medida que nos aproximamos da COP 28, que ocorrerá em dezembro, em Dubai.

Por Fabiano Machado

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