Os compradores de créditos de carbono buscam entender a qualidade intrínseca de cada crédito, a qual está diretamente relacionada à respectiva metodologia de geração escolhida e sua adequada aplicação por parte da entidade desenvolvedora do projeto. Neste contexto, ao longo do primeiro trimestre de 2023, a demanda de créditos provenientes de atividades que sequestram o carbono (carbon capture) se destacou das demais, mantendo um patamar de preços acima da média de mercado e, recentemente, apresentando um leve crescimento.
Analisando a situação atual do mercado de créditos de carbono do ponto de vista do comprador, há diversas oportunidades que vão além da simples compensação da emissão de carbono do período vigente. O baixo nível atual de preços permite a compra de um grande volume de créditos já emitidos, visando a estocagem para compensação de emissões futuras ou a compra antecipada de créditos ainda não emitidos, cujo valor de compra pode ser atrelado ao patamar atual de preços, com possibilidade de deságio adicional.
O mercado de créditos de carbono continua otimista, baseado nas metas de neutralização das emissões até 2030 declaradas por diversas empresas globais. Entendemos que o mercado é cíclico e que cada tipo de crédito também apresentará os próprios ciclos, de acordo com as suas particularidades e a variação da preferência do consumidor ao longo do tempo. Por exemplo, no caso da preservação florestal, a proteção da vegetação nativa pode ser mais valiosa do que o reflorestamento, mas o plantio proporciona o aumento efetivo da vegetação, justificando divergências na preferência do consumidor. Uma solução pode ser a aplicação conjunta de múltiplas metodologias e atividades de impacto ambiental em uma mesma área, como a preservação e o reflorestamento, visando desenvolver um projeto gerador de créditos de carbono que seja completo em diversas perspectivas.
Por Ernesto Barth